O tráfico de drogas no Equador está relacionado à dolarização ocorrida alguns meses após a seca que se seguiu às enchentes de 1997, durante o governo Jamil Mahuad. Essa seca veio com a chegada da Corrente Fria de Humboldt, que também trouxe uma praga às fazendas de camarão, chamada de Mancha Branca, que destruiu o maior exportador de camarão. O desenvolvimento da indústria do camarão desde a década de 1980 destruiu 200.000 hectares de manguezais e deslocou mais de 120.000 famílias para o litoral para trabalhar em fazendas de camarão, principalmente capturando larvas de camarão selvagem com micro-redes, que mataram todas as espécies pequenas nas praias e falésias ao longo de 1.200 km da costa equatoriana. Muitas dessas fazendas de camarão eram investimentos de narcotraficantes ou banqueiros colombianos que, por meio da Constituição de 1997, podiam tomar emprestado o dinheiro de seus depositantes, que usavam para especular com o dólar e financiar fazendas de camarão.
As fazendas de camarão empregavam principalmente guardas, já que os roubos nas fazendas geravam grandes lucros. No entanto, esses guardas ficaram desempregados quando as fazendas de camarão faliram. Os pescadores capturavam as fêmeas de camarão que botavam ovos e os guardas armados das fazendas de camarão ficaram desempregados. Eles usavam seus barcos e armas para contrabandear para a Colômbia, especialmente gás e gasolina, necessários para a produção de cocaína e financiados pelo governo há décadas. Eles também contrabandeavam base de cocaína do Peru, que era refinada na Colômbia e de lá enviada pelo Cartel de Medellín e pelo Cartel de Cali para os Estados Unidos. Da Colômbia, eles contrabandeavam contrabando, especialmente cocaína, que era transportada para navios que chegavam aos portos equatorianos. Eles pagavam por isso com mercadorias como relógios, armas, produtos chineses e outras mercadorias contrabandeadas ao longo da costa equatoriana.
Com a dolarização do Equador em 2000, a costa equatoriana, os setores imobiliário e de transporte de Quito, e até mesmo a pesca artesanal e industrial, tornaram-se uma lavanderia para os narcotraficantes colombianos. Chone foi um dos lugares onde as fazendas de camarão geraram um boom econômico, e recrutaram a maioria dos guardas das fazendas de camarão, que trabalharam nas províncias de Esmeraldas e Manabí. Também na costa, os cholos (pescadores de Manabí), herdeiros da cultura Manteño Huancavilca, a mais importante cultura pesqueira do Pacífico Sul-Americano, dominaram o uso das correntes oceânicas. De junho a dezembro, quando a Corrente Fria de Humboldt chegou, eles podiam chegar à América Central, levados pela corrente, e de dezembro a maio, podiam chegar ao Chile, levados pela Corrente El Niño. Após o Acordo de Paz na Colômbia, durante o governo Santos, a relação entre os Choneros, ou pescadores de Manabí, e as FARC passou a ser com remanescentes das FARC, como o Batalhão Oliver Simisterra, liderado pelo equatoriano Walter Arizala, conhecido como Wacho, que sequestrou e assassinou três jornalistas do jornal El Comercio durante o governo Lenín Moreno. Moreno declarou guerra ao narcotráfico para agradar ao primeiro governo de Donald Trump, permitindo-lhe inclusive reocupar as Ilhas Galápagos e perseguir Rafael Correa e seu governo. Com a chegada da pandemia e a crise econômica no Equador, surgiram outros grupos de narcotráfico. O Cartel de Sinaloa uniu-se aos Choneros para introduzir cocaína pelo Pacífico, inimigos do Cartel de Sinaloa, e pelo Norte del Valle. O Cartel de Jalisco Nueva Generacio conseguiu aliar-se à resiliência do exército das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que no Caribe colombiano criou o Cartel do Golfo e outros na fronteira com o Equador. No Equador, criaram o Cartel de los Lobos, que, além do tráfico de drogas, se dedicava à mineração ilegal de ouro, após a descoberta de ouro em 24 das 25 províncias do Equador. Enquanto isso, em Guayaquil, a oligarquia, especialmente os contrabandistas, bananeiros e banqueiros, estabeleceu laços com a máfia albanesa, que inclusive financiou a campanha eleitoral de Guillermo Lasso. Conseguiram transformar o Porto de Guayaquil e o Equador no principal exportador de cocaína para a Europa e o país em um dos mais violentos do mundo por meio de novos cartéis locais.
Mas esse desvio de cocaína para a Europa criou escassez nos Estados Unidos e aumentou o preço da droga. No Equador, isso deu origem ao conflito armado interno. Gangues surgem diariamente e são pagas em cocaína, o que as obriga a vendê-la em pequenas doses, principalmente nos bairros pobres do litoral, especialmente em Guayaquil. Esses viciados em drogas extorquem, sequestram ou matam pessoas para comprar a droga, permitindo que os Estados Unidos governem o Equador.